Geraldo Vandré quebra o silêncio em entrevista
Desde que voltou do exílio, em 1973, Geraldo Vandré mergulhou no silêncio. Num fim de tarde, no Clube da Aeronáutica, no Rio, quebrou o jejum, em entrevista que foi ao ar no último sábado, 25, na Globonews. Era 12 de setembro, dia do seu aniversário de 75 anos.
P: O que aconteceu com Geraldo Vandré?
R: Ficou fora dos acontecimentos. Melhor para ele. Quando terminei o curso de Direito e fui me dedicar à carreira artística, já sabia que a arte é inútil. Mas eu consegui ser mais inútil do que qualquer artista. Sou advogado num tempo sem lei.
P: Você faria uma temporada comercial?
R: O que quero fazer é terminar uma série de estudos para piano, para compor um poema sinfônico. Nada mais subversivo do que um subdesenvolvido erudito.
P: O que o faria voltar?
R: O único projeto é a canção da Força Aérea, “Fabiana”. Nasceu na FAB, em sua honra e em seu louvor. Nunca fui antimilitarista.
P: O que você acha do fato de “Caminhando” ter se tornado um hino de protesto?
R: Não fiz canção de protesto. Fazia música brasileira.
P: O Brasil de 40 anos atrás era melhor?
R: Eu fazia música para aquele país. Hoje o Brasil é outro. O que existe é cultura de massa. Não é arte.
P: Nada chama a sua atenção?
R: Tiririca (risos). Eu estou exilado até hoje. Ainda não voltei.
P: O que sente quando se lembra do Maracanãzinho cantando “Caminhando”?
R: Foi bonito. Pena que sumiram com o VT.
P: Recebe direitos autorais?
R: Nunca dependi de música para viver. Sou servidor público aposentado.
P: E os direitos autorais?
R: Pagam o que querem.
P: Duas músicas que você compôs são conhecidas até hoje: “Disparada” e “Caminhando”. Qual é melhor?
R: “Disparada” é mais brasileira, moda de viola. “Caminhando” era uma crônica da realidade. Deu no que deu.
P: Se fosse escrever um verbete numa enciclopédia sobre você, qual seria?
R: Criminoso. Anistia é para criminoso. Fui demitido do serviço público por causa das canções. Briguei, briguei.
P: Você foi constrangido a gravar, em 73, o depoimento em que negava a militância?
R: Nunca fui constrangido a declarar nada. Nunca tive militância político-partidária. Nunca fui engajado.
P: O que aconteceu com Geraldo Vandré?
R: Ficou fora dos acontecimentos. Melhor para ele. Quando terminei o curso de Direito e fui me dedicar à carreira artística, já sabia que a arte é inútil. Mas eu consegui ser mais inútil do que qualquer artista. Sou advogado num tempo sem lei.
P: Você faria uma temporada comercial?
R: O que quero fazer é terminar uma série de estudos para piano, para compor um poema sinfônico. Nada mais subversivo do que um subdesenvolvido erudito.
P: O que o faria voltar?
R: O único projeto é a canção da Força Aérea, “Fabiana”. Nasceu na FAB, em sua honra e em seu louvor. Nunca fui antimilitarista.
P: O que você acha do fato de “Caminhando” ter se tornado um hino de protesto?
R: Não fiz canção de protesto. Fazia música brasileira.
P: O Brasil de 40 anos atrás era melhor?
R: Eu fazia música para aquele país. Hoje o Brasil é outro. O que existe é cultura de massa. Não é arte.
P: Nada chama a sua atenção?
R: Tiririca (risos). Eu estou exilado até hoje. Ainda não voltei.
P: O que sente quando se lembra do Maracanãzinho cantando “Caminhando”?
R: Foi bonito. Pena que sumiram com o VT.
P: Recebe direitos autorais?
R: Nunca dependi de música para viver. Sou servidor público aposentado.
P: E os direitos autorais?
R: Pagam o que querem.
P: Duas músicas que você compôs são conhecidas até hoje: “Disparada” e “Caminhando”. Qual é melhor?
R: “Disparada” é mais brasileira, moda de viola. “Caminhando” era uma crônica da realidade. Deu no que deu.
P: Se fosse escrever um verbete numa enciclopédia sobre você, qual seria?
R: Criminoso. Anistia é para criminoso. Fui demitido do serviço público por causa das canções. Briguei, briguei.
P: Você foi constrangido a gravar, em 73, o depoimento em que negava a militância?
R: Nunca fui constrangido a declarar nada. Nunca tive militância político-partidária. Nunca fui engajado.
P: Gravar o depoimento era parte do acordo para voltar ao Brasil?
R: Queriam que eu fizesse uma declaração. Eu disse coisas que poderia dizer a verdade. A Globo deve ter o VT.
P: Não encontramos.
R: Pois é: sumiram com tudo. Veja se acha o VT do Maracanãzinho? É o que tem o Tom Jobim. A minha parte sumiu. Fizeram uma retrospectiva do festival: Tom, Chico, todo mundo. Mas, na hora de botar o Geraldo Vandré, usaram um filme feito na Alemanha.
P: O que aconteceu depois da volta do exílio? Você foi maltratado fisicamente?
R: Não. Não.
P: Por que se afastou?
R: Falta de razão para cantar.
R: Queriam que eu fizesse uma declaração. Eu disse coisas que poderia dizer a verdade. A Globo deve ter o VT.
P: Não encontramos.
R: Pois é: sumiram com tudo. Veja se acha o VT do Maracanãzinho? É o que tem o Tom Jobim. A minha parte sumiu. Fizeram uma retrospectiva do festival: Tom, Chico, todo mundo. Mas, na hora de botar o Geraldo Vandré, usaram um filme feito na Alemanha.
P: O que aconteceu depois da volta do exílio? Você foi maltratado fisicamente?
R: Não. Não.
P: Por que se afastou?
R: Falta de razão para cantar.
(Agência O Globo)
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