sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Um país em transição

Depois de uma campanha tensa, marcada mais pela agressividade que pelas propostas, começa o período de transição para o novo governo. A presidente eleita, Dilma Rousseff, vai encontrar pela frente desafios sérios e problemas antigos. Para cumprir a promessa de manter o crescimento acelerado e a forte redução da miséria, será obrigada a atacar as barreiras que conseguiram segurar seus dois antecessores, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
O Valor convidou quatro professores da Universidade de São Paulo (USP) para debater o novo momento político que se abre no país. A mesa-redonda contou com os filósofos Renato Janine Ribeiro e Vladimir Safatle e os cientistas políticos Lourdes Sola e Brasilio Sallum. Os quatro, que acompanharam de perto o processo eleitoral, consideram que a nova presidente terá tanta dificuldade para aprovar reformas estruturais quanto seus antecessores. Mesmo a maioria considerável de sua coalizão nas duas casas do Congresso não garantem o sucesso em temas mais delicados, como a reforma tributária e a reforma política, em virtude do caráter heterogêneo dos partidos que a sustentam.
Por outro lado, uma influência excessiva, seja de Lula ou de Michel Temer, no governo foi considerada como algo pouco provável. Apesar da força com que o PMDB entra na futura gestão e apesar da força do presidente sobre sua sucessora e seu partido, o poder de decisão caberá, na avaliação dos intelectuais, à presidente eleita. Seu grau de autonomia dependerá da equipe que consiga montar e do desempenho da economia nos primeiros momentos do novo governo. ((Por Diego Viana e Robinson Borges no Valor)

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