quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Chafurdando na lama

Brasília, corrupção e escândalos em série

Jailton de Carvalho / O GLOBO

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), ainda nem completou o primeiro ano de governo e está às voltas com pesadas denúncias de corrupção. As acusações, amparadas em áudios, vídeos e recibos, têm obrigado o governador a ir a público todos os dias dar explicações sobre supostos malfeitos, mas nem por isso são surpreedentes. Denúncias de negociatas e malversação de dinheiro público têm sido frequentes na história recente da política brasiliense. Todas contra os principais chefes políticos locais.
O mais recente escândalo, deflagrado com a Operação Caixa de Pandora, resultou na prisão e perda do mandato do ex-governador José Roberto Arruda. As investigações sobre o chamado mensalão do DEM abateram também o ex-vice-governador Paulo Octávio, forçado a renunciar em meio a denúncias de distribuição de propina com dinheiro arrecadado entre empresas contratadas a peso de ouro pelo governo. Em 2009, no início da Caixa de Pandora, Arruda despontava como um dos principais líderes do DEM.
Paulo Octávio se credenciava como forte candidato a uma eventual sucessão de Arruda. Arruda foi filmado recebendo um pacote de R$50 mil do delator do operador do mensalão, o ex-secretário Durval Barbosa. Auxiliares de Paulo Octávio também foram flagrados pela câmera indiscreta de Durval recebendo dinheiro de origem ilegal. Em 2007, dois anos antes da Caixa de Pandora, o todo poderoso Joaquim Roriz, que governara o Distrito Federal por quatro mandatos, teve que renunciar ao mandato de senador.
Roriz foi flagrado numa conversa em que combina com o ex-presidente do Banco Regional de Brasília Tarcísio Franklin a partilha de uma suposta propina paga pelo empresário Nenê Constantino, fundador da Gol Linhas Aéreas. Antes da ruína política de Arruda, Paulo Octávio e Roriz quem teve que abreviar a carreira foi o ex-senador Luiz Estevão. O ex-senador teve o mandato cassado depois de ser acusado de envolvimento no desvio de R$169,5 milhões do Tribunal Regional do Trabalho, de São Paulo.
Todos esses casos têm um dado em comum : até o momento nenhum dos acusados foi julgado em caráter definitivo. No caso de Arruda e Paulo Octávio não há, ainda, nem mesmo denúncia do Ministério Público Federal. A Polícia Federal concluiu as investigações no início do ano passado, mas a subprocuradora Raquel Dodge está analisando dados complementares para fazer a acusação formal contra os ex-governadores.

Um comentário:

Agatha disse...

O Arruda foi preso, disseram, porque estaria tentando corromper uma testemunha, o jornalista Sombra, para que ele declarasse que os vídeos que mostram políticos de Brasília recebendo dinheiro foram manipulados pelo delator Durval Barbosa. Mas isso nunca foi provado. Arruda não estava presente no flagrante na lanchonete do Sudoeste e seu conselheiro do Metrô, o Bento, acabou preso ali por entregar R$ 200 mil ao Sombra. Mas só mostraram a sacola fechada, nunca o dinheiro que estaria dentro dela. Cadê esse dinheiro que ninguém viu?