segunda-feira, 23 de maio de 2011

Meio Ambiente

Código Florestal: PT tentará barrar votação

Luiza Damé e Diana Fernandes / O GLOBO 


O PT vai tentar barrar a votação do Código Florestal, marcada para amanhã de manhã na Câmara, mas deve ficar isolado, com apoio apenas do PV e do PSOL. Segundo o líder do PT, Paulo Teixeira (SP), o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), não participou das negociações e não tem compromisso em pôr o texto na pauta. Mas os líderes do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e do PMDB, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), além do relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP), confirmam a votação. Os partidos de oposição referendaram o acordo em torno do Código, mas estão com a preocupação de descolar a votação das suspeitas que pesam sobre o enriquecimento do ministro Antonio Palocci.

A insinuação do PV e do PSOL de que a oposição pode desistir da investigação do caso Palocci se conseguir aprovar o Código Florestal irritou PSDB e DEM.

- Isso é ilação. Nós dissemos que votaríamos o Código Florestal há três semanas, e as denúncias contra o ministro Palocci surgiram há uma semana. Votaremos o Código Florestal e não pouparemos o ministro Palocci. A oposição vai para cima para convocar o ministro e para conseguir as assinaturas e criar a CPI - reagiu o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).

- O caso do Palocci nada tem a ver com a votação do Código Florestal. O Código será votado amanhã no plenário e vamos virar a página. O Palocci será tratado em várias outras frentes, inclusive na CPI - disse o líder do DEM, ACM Neto (BA). O problema dos líderes que fecharam o acordo para a votação de amanhã deve ser com o PT. O líder Paulo Teixeira convocou reunião da coordenação da bancada - a maior da Câmara - para fechar posição, certamente de obstrução.

- Não tem acordo, e o governo não homologa esse texto que está pronto para ir a votação - disse Teixeira, que chegou de viagem à Coreia com Marco Maia. - Além disso, o presidente da Câmara não participou deste acordo nem tem compromisso com essa sessão.

Divergência é sobre reserva em pequenas propriedades

Vaccarezza sustenta que, apesar da posição do PT, a determinação do governo, com ou sem acordo em torno do texto, é votar amanhã: - Vai votar terça de qualquer jeito. Não acho possível acordo (no texto), mas vota assim mesmo. Quem quiser que apresente emendas, inclusive o PT.

O líder do PMDB defendeu o cumprimento do acordo, argumentando que, se não há consenso na Câmara sobre todos os pontos do Código Florestal, o texto poderá ser aperfeiçoado no Senado ou até mesmo vetado pela presidente Dilma Rousseff.

- O Paulo Teixeira disse que não vota? Pois eu digo que vota. Tenho certeza de que votaremos na terça (amanhã). Foi o acordo que fizemos com o Vaccarezza - afirmou Henrique. - O PT não tem força para impedir a votação. Nenhum partido só tem. Nem o PMDB teria.

- O PT vai ficar isolado - completou ACM Neto.

A principal divergência é a falta de acordo entre ruralistas, ambientalistas e governo sobre a reserva legal em pequenas propriedades. Mas o relator, Aldo Rebelo, está otimista e aposta no acordo de líderes: - Creio que vai a voto na terça, mas vamos aguardar. Houve acerto entre os líderes para não votar nada enquanto o Código Florestal não fosse votado - disse Aldo.

Nenhum comentário: