Adauri Antunes Barbosa / O GLOBO
Figura controversa da história do país, Cabo Anselmo, que ganhou notoriedade ao entregar parte dos companheiros de esquerda que lutavam contra a ditadura militar, disse na noite desta segunda-feira, que não se arrepende de nada do que fez, nem de ter entregado militantes à morte, assassinados em emboscadas armadas pelas forças de repressão.
- Me arrependo (apenas) de ter traído meu compromisso com a pátria, quando deixei a Marinha e passei para o lado da insubordinação - disse o ex-militar durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo.
Cabo Anselmo, ou José Anselmo dos Santos, foi expulso da Marinha depois de um motim, nos anos 60, e preso pela ditadura militar. Em troca da liberdade delatou perseguidos políticos ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops, incluindo sua namorada, Soledad Viedma, que acabou morta pela tortura. Cooptado pelos órgãos de segurança, tornou-se agente duplo e sua atuação foi decisiva para desmontar grupos de resistência armada urbana à ditadura.
Depois de integrar organização que reagia à repressão dos militares, ele contou que só começou a delatar os companheiros de esquerda após ter sido torturado, em 1971.
- Comecei depois do pau de arara, dos choques elétricos, daquele horror todo - disse.
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